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Mais de 1,2 milhões de pessoas precisam de assistência médica na província de Cabo Delgado, Moçambique
A violência e a insegurança afectaram um terço das 132 unidades de cuidados de saúde desta província
A OMS angariou 1,77 milhões de dólares para apoiar o governo e as organizações parceiras na resposta à emergência
Mais de 1,2 milhões de pessoas precisam se assistência médica urgente na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde os recentes ataques armados provocaram novas deslocações da população e agravaram a prolongada crise humanitária.
A violência e a insegurança afectaram um terço das 132 unidades de cuidados de saúde desta província, ou forçaram o seu encerramento, impedindo o acesso das comunidades aos serviços essenciais de saúde e criando necessidades médicas urgentes para tratar o VIH, o paludismo e a tuberculose, para administrar vacinas e para realizar partos seguros entre as populações deslocadas e as comunidades de acolhimento. A prevenção da cólera, a resposta à COVID-19 e a prestação de serviços de saúde mental e psicossocial são também extremamente necessários.
“O desespero de milhares de famílias é cada vez maior, e muitas das pessoas afectadas pela violência dependem da ajuda humanitária para sobreviver. Temos de intensificar rapidamente a assistência, de modo a salvar vidas e a aliviar o sofrimento”, declarou a Dra. Matshidiso Moeti, directora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a África. “Apelamos a que os doadores aumentem o seu apoio, para que possamos fornecer serviços de saúde essenciais e urgentes, bem como outros bens de emergência que são desesperadamente necessários.”
As necessidades humanitárias aumentaram depois dos ataques armados no distrito de Palma, província de Cabo Delgado, que ocorreram em Março e obrigaram 52 000 pessoas a abandonarem as suas casas. São necessários cerca de 3,5 milhões de dólares para prestar assistência médica. A OMS angariou 1,77 milhões de dólares para apoiar o governo e as organizações parceiras na resposta à emergência.
A OMS está a aumentar a assistência médica e instalou três centros de tratamento de cólera, além de ter construído um centro de saúde provisório para atender as populações deslocadas e a comunidade de acolhimento no distrito de Chiuri, em Cabo Delgado. A Organização forneceu ainda produtos essenciais de saúde, incluindo kits para o tratamento da cólera e de traumatismos, de modo a prestar assistência às populações deslocadas e às comunidades de acolhimento. Foram enviados 17 funcionários da OMS para o distrito de Pemba.
“É urgentemente necessário garantir o pleno acesso aos serviços essenciais de saúde em todos os distritos acessíveis e estabelecer mecanismos para melhorar o acesso à saúde por parte de todas as pessoas vulneráveis que se encontram em distritos de difícil acesso”, afirmou o Dr. Joaquim Saweka, representante da OMS em Moçambique.
A OMS está neste momento a rever o seu plano de resposta e, logo que sejam mobilizados recursos adicionais, enviará mais recursos humanos e materiais para Cabo Delgado e outros locais do país em situação de emergência sanitária.
Cabo Delgado tem sido alvo de recorrentes ataques armados desde 2017. Em 2019, a província foi também afectada pelo ciclone Kenneth, que destruiu várias infra-estruturas, incluindo unidades de cuidados de saúde. Este desastre foi agravado por surtos de cólera e de sarampo, tendo a pandemia de COVID-19 aumentado os desafios sanitários.
Distribuído pelo Grupo APO para WHO Regional Office for Africa.